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Uma chamada para ação global contra o tabagismo

Uma chamada para ação global contra o tabagismo

Por Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer

A Conferência das Partes (COP10) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), realizada recentemente no Panamá, trouxe à tona, por parte da delegação brasileira, a discussão sobre a responsabilização da indústria tabageira sobre os prejuízos ao meio-ambiente causados pela produção do tabaco. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para os danos ambientais causados pelo produto: 600 milhões de árvores são cortadas todos os anos para fabricar cigarros, 84 milhões de toneladas de emissões de CO2 são liberadas na atmosfera, aumentando as temperaturas globais e 22 bilhões de litros de água são utilizados para fabricar cigarros. Os custos de limpeza de produtos de tabaco jogados no lixo recaem sobre os consumidores e não sobre a indústria que cria o problema.

Cientes desse cenário, nosso país apresentou uma proposta voltada à preservação do meio ambiente, cujo objetivo é conseguir fazer com que a indústria dê algum retorno contributivo pelos danos causados. Sabemos que para chegar a isso, há um longo caminho a ser percorrido. Mas estamos no caminho certo em colocar o tema na agenda dos países participantes!

Muito além dos projetos de responsabilidade social e de sustentabilidade já existentes, para fazer com que a indústria contribua financeiramente para reparar os prejuízos ao meio ambiente, podemos considerar algumas abordagens que envolvem o financiamento de programas de reflorestamento para compensar o desmatamento. Outra alternativa seria a criação de um fundo de reparação ambiental, onde as empresas contribuam com uma porcentagem de seus lucros para financiar projetos ambientais.

Outra medida decisiva da reunião foi a retomada do Programa de Diversificação de Cultivos em Áreas Produtoras de Tabaco, que oferece alternativas de subsistência aos pequenos agricultores que o cultivam e são explorados pela indústria. Nos dados levantados pela Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), cerca de 70% das famílias que produzem tabaco querem mudar de atividade devido aos problemas de saúde provenientes do trabalho. Mas, sem uma assistência técnica, eles não conseguem desenvolver outra atividade. Para reduzir o plantio do tabaco e diversificar o cultivo sem prejudicar esses produtores, é necessário o investimento em programas de subsídios, como a oferta de sementes de qualidade, fertilizantes e equipamentos agrícolas, bem como o acompanhamento e orientação para garantir que os agricultores estejam utilizando os recursos de forma eficaz.

Outra problema para viabilizar essa diversificação são os altos custos dos insumos agrícolas. Segundo a Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), o custo desses produtos chega a ser 86% maior no Brasil. Sanar essa barreira requer a facilitação do acesso dos agricultores a insumos agrícolas de qualidade e serviços de apoio. Além disso, é necessário a implementação de um Programa de Incentivo à Diversificação, fornecendo apoio financeiro para aqueles que diversificarem suas plantações. Se substituirmos o cultivo de tabaco por outras culturas, em especial as culturas alimentares, estaremos contribuindo para a minimizar a produção de um produto tão prejudicial para a saúde.

A meta da OMS de reduzir o consumo de tabaco em 25% até 2025 é ambiciosa, mas alcançável com o comprometimento dos países e a implementação eficaz das medidas da CQCT.

A nova aposta da indústria do tabaco, o vape, não é apenas uma ameaça à saúde pública, mas também à sustentabilidade, uma vez que os cigarros eletrônicos contribuem para danos ambientais. A fabricação de dispositivos vaping requer a utilização de metal, plástico, baterias e circuitos. Além disso, os e-líquidos contêm quantidades significativas de produtos químicos tóxicos que, quando liberados no meio ambiente, poluem o ar atmosférico. Como se não bastasse todos esses malefícios à saúde, os resíduos dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) não são biodegradáveis ​​e cartuchos ou dispositivos descartáveis se decompõem em microplásticos e produtos químicos que poluem ainda mais os nossos cursos d’água. Ou seja, a indústria vem incentivando o uso, sem estarmos preparados para o impacto ambiental desses produtos. No Reino Unido, onde o uso é permitido, empresas de reciclagem vêm externando problemas com o descarte dos vapes, que possuem baterias de lítio e estão sendo descartados em lixo comum, aumentando a possibilidade de um incêndio e a liberação de poluentes no ar. Esse exemplo mostra que o dano ao meio ambiente é potencialmente perigoso e que não estamos preparados para lidar com as consequências desse consumo. E ainda assim, há quem defenda a liberação dos DEFs no nosso país. Mesmo proibidos, infelizmente vemos o consumo desses produtos aumentarem em nosso país. Para além da proibição, nossos órgãos fiscalizadores precisam intensificar o combate ao comércio paralelo.

O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a alcançar o mais alto nível das seis medidas MPOWER de controle do tabaco. Conseguimos uma redução do consumo do tabaco de 35% desde 2010, de acordo com a OMS. Não podemos arrefecer! É hora de os países reafirmarem seu compromisso com a saúde pública e intensificarem seus esforços para reduzir os malefícios do tabaco em todos os âmbitos, protegendo assim as gerações presentes e futuras dos velhos e novos produtos tabageiros que só dão lucro para seus fabricantes e deixam os prejuízos para a saúde e toda a sociedade.

Fundação do Câncer convoca profissionais de saúde, especialistas, acadêmicos, pesquisadores e a sociedade civil para consulta pública sobre teste molecular para detecção do HPV. Prazo termina dia 17 de janeiro

Fundação do Câncer convoca profissionais de saúde, especialistas, acadêmicos, pesquisadores e a sociedade civil para consulta pública sobre teste molecular para detecção do HPV. Prazo termina dia 17 de janeiro

Um avanço no combate ao câncer do colo do útero foi alcançado com a abertura da consulta pública pelo Ministério da Saúde sobre a incorporação do teste molecular para detecção do HPV (Papilomavírus Humano) no Sistema Único de Saúde (SUS). Essa decisão veio após a obtenção de parecer preliminar favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). As contribuições podem ser enviadas até o próximo dia 17, através da plataforma Participa + Brasil.

Uma das estratégias preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a erradicação do câncer do colo do útero é que 70% das mulheres em todo o mundo sejam submetidas regularmente a um teste de alto desempenho, como o teste molecular para detecção do HPV. Diversos estudos científicos corroboram que o rastreamento com testes moleculares é mais eficiente na identificação de lesões precursoras desse tipo de câncer. Atualmente, o método recomendado no Brasil para o rastreamento do câncer do colo do útero é a citologia, conhecida como teste de Papanicolau.

Flávia Miranda Corrêa, consultora médica da Fundação do Câncer, ressalta que o teste molecular possui maior sensibilidade e interpretação precisa. “Entre as vantagens estão o aumento da idade de início, maior intervalo entre os exames, maior detecção de lesões precursoras e câncer em estágio inicial e, principalmente, menor custo do tratamento, tornando o programa de rastreamento mais eficiente, mas apenas se houver adesão às recomendações, o que só ocorre no modelo organizado de base populacional.” Como foi apontado no levantamento elaborado pela Fundação do Câncer “Um Olhar sobre o Diagnóstico do Câncer do Colo do Útero no Brasil” há desigualdades e gastos desnecessários. Um exemplo é a constatação de que 21,4% das mulheres submetidas ao exame estão fora da faixa etária recomendada (25 a 64 anos), indicando uma falta de adesão às diretrizes do Ministério da Saúde.

Para a especialista, que é doutora em Saúde Coletiva da Criança e da Mulher pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), a implementação do teste molecular pode representar uma mudança significativa na abordagem preventiva, aliviando não apenas o sistema de saúde, mas melhorando a qualidade de vida das mulheres. “O novo método além de ser mais custo-efetivo, antecipa, em quase uma década, o acompanhamento e o tratamento dos casos de câncer. No mês marcado pela conscientização sobre o câncer do colo do útero, o chamado “Janeiro Verde”, conclamamos toda comunidade a contribuir para a consulta pública a fim de incorporar o exame no SUS”, recomenda.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o câncer do colo do útero é uma doença evitável, embora apresente alta incidência e mortalidade. No Brasil, é o terceiro tipo de câncer mais frequente e a quarta causa de óbito por câncer entre as mulheres, especialmente as negras, pobres e com baixos níveis de educação formal.

Para participar da consulta pública é necessário preencher os dados e responder às questões sobre ser favorável ou contra a adoção do novo exame pelo SUS. O link da Consulta Pública Conitec/SECTICS nº 65/2023.

Fundação do Câncer apoia o 22º Encontro da Associação Brasileira de Registro de Câncer

Fundação do Câncer apoia o 22º Encontro da Associação Brasileira de Registro de Câncer

Reafirmando seu compromisso em auxiliar iniciativas que contribuam para a qualidade das informações sobre câncer, a Fundação do Câncer participa, como apoiadora, do 22º Encontro Nacional de Registradores de Câncer. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Registro de Câncer (ABRC), é gratuito e acontecerá de 29 de novembro a 1º de dezembro, em formato híbrido, na sede do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro.

O objetivo do encontro é promover a troca de conhecimentos e experiências relacionadas aos registros de câncer, fundamentais para a coleta, armazenamento, processamento, análise e divulgação de informações sobre pacientes com diagnóstico confirmado de câncer. Segundo a organização do evento, a implantação e manutenção dos Registros de Câncer exigem treinamento especializado para garantir a qualidade e precisão dos dados.

As conferências e mesas redondas abordarão temas que incluem a qualidade e utilização das informações para vigilância de câncer; estratégias para qualificar as informações sobre câncer; novos desafios para registros de câncer e registradores; as estratégias para integrar e promover a troca de experiências entre Registros Hospitalares de Câncer e Registros de Câncer de Base Populacional; e a valorização da atividade de registrador como ocupação reconhecida oficialmente. Além da programação científica, acontecerá também a premiação dos trabalhos submetidos na categoria pôster. Serão entregues certificados para os três melhores trabalhos enviados.

Dentre os palestrantes convidados está Marion Piñeiros, representante do Hub Latino-americano da Iniciativa Global para o Desenvolvimento dos Registros de Câncer da IARC (International Agency for Research on Cancer), que compartilhará sua experiência em epidemiologia e qualidade da informação. O evento contará também com a participação do Dr. Michel P. Coleman, que é professor de epidemiologia da London School of Hygiene and Tropical Medicine, além de ser o pesquisador responsável pelo projeto CONCORD, referência em análise de sobrevida do câncer com base nos registros de câncer de base populacional de diversos locais no mundo.

Para a bióloga Rejane Reis, epidemiologista da Fundação do Câncer e integrante da diretoria científica da ABRC, esse evento é muito importante não só para consolidar cada vez mais a causa Registro de Câncer, mas também trazer novas perspectivas de utilização das informações e oportunidade de trocas de experiências entre os profissionais envolvidos com o tema, principalmente os registradores, que são os responsáveis por toda a coleta das informações. “Estamos orgulhosos em poder contribuir para esse encontro, que reúne especialistas tão importantes no controle do câncer. A qualificação das informações sobre o câncer é essencial para a gestão pública e o enfrentamento da doença”, destaca.

Para mais informações sobre inscrições e programação acesse o site http://www.abrc.org.br .

NOTA DE PESAR

NOTA DE PESAR

É com profunda tristeza que recebemos a notícia do falecimento de MARCELI DE OLIVEIRA SANTOS, cujo comprometimento e paixão pelo trabalho de registros de câncer no Brasil foram inspiradores para todos nós.

Ao longo dos anos, ela desempenhou importante papel no avanço desta missão, deixando um legado de impacto positivo. Sua dedicação e habilidades fizeram dela uma figura inesquecível nas instituições parceiras em que trabalhou.

Neste momento, nossos corações estão com sua família e amigos mais próximos. Que eles encontrem conforto na certeza de que sua passagem por nossas vidas foi significativa e transformadora.

Descanse em paz, Marceli.

Fundação do Câncer apoia projeto que resgata autoestima de pacientes oncológicos

Fundação do Câncer apoia projeto que resgata autoestima de pacientes oncológicos

Pacientes oncológicos e portadores de doenças crônicas poderão se inscrever para realização de micropigmentação paramédica na maior convenção de tatuagem do mundo, a Tattoo Week. Trata-se de uma ação social promovida pelos organizadores do evento em parceria com a Tattoo do Bem, o Projeto Arte com Paixão e que conta com o apoio da Fundação do Câncer. Entre as tatuagens ofertadas estão as de reconstrução de auréola em pacientes que tiveram câncer de mama.

“A Fundação do Câncer apoia iniciativas como essa, que têm como foco o resgate da autoestima do paciente oncológico. Isso porque a Sociedade Brasileira de Mastologia aponta que 70% das mulheres que passam por um câncer de mama precisam realizar a mastectomia, cirurgia de retirada das mamas, que deixa cicatriz. Para a realização da micropigmentação paramédica, é preciso esperar que todo processo de cicatrização seja concluído e, além disso, é indispensável consultar o médico antes” declara Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação.

Serão realizados gratuitamente cerca de 80 procedimentos de micropigmentação de sobrancelhas para pacientes que foram submetidos à quimioterapia e perderam os pelos da região e 20 tatuagens para reconstrução de aréola. Além disso, serão doadas 100 tatuagens de segurança (com informações sobre a condição de saúde da pessoa) para pacientes com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. As inscrições para realização do procedimento podem ser feitas através do site do evento. A convenção acontece de 20 a 22 de janeiro, no Espaço Mag (RJ), antigo Centro de Convenções SulAmérica.