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O intestino é formado por duas grandes regiões. A parte mais fina, chamada intestino delgado, está relacionada com a digestão e a absorção dos alimentos. A parte mais grossa, o intestino grosso, é a responsável pela absorção da água, armazenamento e eliminação dos resíduos da digestão. É raro haver câncer no intestino delgado. No entanto, o câncer no intestino grosso, também chamado de câncer de cólon ou colorretal, que ocorre quando o tumor se localiza no reto ou final do intestino grosso, é o terceiro mais comum entre os homens, e o segundo entre as mulheres, no Brasil.

De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), esperam-se mais de 14 mil casos novos da doença em homens e mais de 15 mil em mulheres para o período de 2012/2013. Para explicar sobre a prevenção, os sintomas, diagnóstico e tratamento deste tipo de câncer, conversamos com o epidemiologista Alfredo Scaff, consultor da Fundação do Câncer.

Fundação do Câncer: O que é o câncer de intestino e como se desenvolve?
Alfredo Scaff: É um tumor localizado no intestino grosso ou no reto. A doença começa frequentemente como uma lesão benigna que vai evoluindo lentamente até transformar-se num tumor maligno.

Quais são os principais fatores de risco para desenvolver a doença?
AS: O câncer de intestino tem fatores de risco genéticos, adquiridos ao longo da vida e ambientais. O envelhecimento também é um fator a ser considerado, pois quanto mais tempo a pessoa vive – e hoje a nossa população vive muito mais – mais está sujeita às divisões celulares, que podem ser feitas erroneamente e dar origem a um tumor.

Existem hábitos a serem evitados a fim de reduzir as chances de surgimento do tumor?
AS: A alimentação rica em gordura animal, pobre em fibras e com corantes favorece sua incidência. Os corantes presentes nos alimentos industrializados também são um fator de risco porque liberam substâncias carcinogênicas, como as nitrosaminas. Os defumados também contêm substâncias que levam ao desenvolvimento do câncer.

A gordura presente nas carnes deve ser evitada, assim como as frituras, porque a gordura se decompõe quando aquecida gerando elementos carcinogênicos, que podem quando associados a outros fatores (genéticos, ambientais, etc) levar ao desenvolvimento do câncer de cólon e reto. Muito importante também lembrar que o cigarro e álcool também promovem aumento de casos de câncer de intestino.

A luta contra o tabagismo em todos os seus aspectos deve ser constante em nossa sociedade, para que consigamos que as cidades sejam livre do tabaco, assim como muitos ambientes – prédios de uso coletivo – hoje já o são. O hábito de fumar, que no conhecimento popular está ligado ao câncer de boca, faringe e pulmão, tem forte causalidade no câncer colorretal.

A ingestão de cereais é importante, porque são ricos em fibras, que protegem o intestino ao facilitar a evacuação, uma vez que aumentam o bolo fecal, aceleram o trânsito intestinal e diminuem o tempo de contato das substâncias cancerígenas com a parede do intestino.

Quais são os principais sintomas do câncer de intestino ou colorretal?
AS: Os sintomas são diferentes de acordo com a localização do tumor. Se estiver situado do lado direito do intestino, os principais serão enfraquecimento, anemia e alteração da frequência da defecação. No lado esquerdo, há alteração do ritmo intestinal com predominância de prisão de ventre. No reto, o principal sintoma é o sangramento. Há também a vontade de ir ao banheiro e a sensação de evacuação incompleta, chamada de tenesmo.

Quando os sintomas se manifestam, o tumor já está desenvolvido e muitas vezes com infiltração na parede do intestino; mas na fase inicial, costuma ser assintomático. A pessoa deve prestar atenção a qualquer alteração no ritmo intestinal, constipação, diarreia, anemia, sangue ou catarro nas fezes e emagrecimento; ou seja, qualquer alteração importante e continuada no hábito intestinal.

Como é feito o diagnóstico?
AS: Em caso de câncer na parte final do intestino grosso, o reto, pode ser feito pelo exame de toque retal no consultório. No cólon, é feita a colonoscopia, exame no qual se introduz um aparelho longo, flexível, que permite a identificação de processos inflamatórios e de pequenos pólipos, uma verruga que começa bem pequena, do tamanho de uma cabeça de alfinete, sob a mucosa do intestino. Seu crescimento (e consequentemente a elevação da mucosa) é lento e ele leva de 10 a 15 anos para transformar-se num câncer.

Em todos os casos, se faz necessária a realização de uma biópsia, que é a retirada de uma parte ou de toda a lesão e a realização de um exame ao microscópio para certificar se é mesmo um tumor e qual o seu estágio de crescimento.

A colonoscopia também ajuda na prevenção?
AS: Estudos recentes confirmaram a eficácia da colonoscopia, que permite a remoção de pólipos e o diagnóstico precoce do tumor.

A partir de que idade deve ser feito esse rastreamento?
AS: Quem tem casos da doença em parentes de primeiro grau deve começar a fazer esse exame aos 40 anos. Quem não tem, aos 50, no máximo aos 60 anos. Quando o resultado dá negativo, o período mínimo de intervalo entre um exame e outro é de três anos. Quem já extraiu um pólipo também deve fazer o exame a cada três anos, no máximo, porque pode haver tendência de crescimentos anômalos.

Quais são as suas dicas para o leitor se prevenir e se proteger contra esse câncer?
AS: Como todas as doenças crônicas não transmissíveis que se manifestam mais intensamente na idade adulta avançada, o cuidado com a saúde – com a visita anual ao seu médico, que irá acompanhar todas as questões relacionadas aos exames e vacinas necessários para aquele momento da vida – o câncer pode ser prevenido com uma alimentação saudável, atividades físicas (abandonar o sedentarismo) e definitivamente não fumar.

 

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