Fundação do Câncer realiza campanha para desmascarar o discurso da indústria do tabaco sobre cigarros eletrônicos

18 de junho de 2025

E se alguém revelar o que a indústria do tabaco não quer que você saiba? Essa foi a provocação da nova campanha de conscientização do Movimento VapeOFF da Fundação do Câncer que fez um alerta aos jovens sobre os malefícios do cigarro eletrônico. Com o slogan ‘Bonito por fora, tóxico por dentro’, a ação teve como objetivo mostrar que, por trás da aparência moderna e inofensiva, os vapes podem esconder riscos à saúde, como dependência em nicotina, doenças respiratórias e cardiovasculares, câncer, entre outros problemas. A mobilização marcou o Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio) e seguiu o tema da Organização Mundial da Saúde (OMS) para este ano: ‘Desmascarando a indústria do tabaco’. A campanha da Fundação foi uma parceria com o Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), ACT Promoção da Saúde, Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) e recebeu apoio de mais de 50 instituições, associações e sociedades de todo o país ligadas à causa. “Os cigarros eletrônicos representam uma ameaça crescente à saúde pública no Brasil, especialmente entre os mais jovens, ao contribuírem para o aumento de fatores de risco modificáveis para o câncer. Com embalagens chamativas e sabores atrativos, esses dispositivos mascaram seus malefícios e seduzem uma nova geração ao vício da nicotina. Dados do Ministério da Saúde revelam que 70% dos usuários de cigarros eletrônicos têm entre 15 e 24 anos”, declara Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer. O Levantamento Nacional sobre Álcool e Drogas (Lenad), recém divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, mostra que mais de 77% dos usuários de vape disseram que o produto não os ajudou a parar de fumar cigarros convencionais, derrubando o principal argumento da indústria do tabaco de que os cigarros eletrônicos seriam uma alternativa para a cessação do tabagismo.

A campanha: na night e na praia

A campanha apostou em uma abordagem provocativa e de fácil identificação com o público jovem. Uma das principais ações foi a ‘Roleta que dá a real’, realizada no dia 30 de maio na Feira de São Cristóvão/Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas e 31 na Praia de Ipanema, locais de grande circulação de adolescentes e jovens adultos. Promotoras abordaram o público com um convite descontraído para girar a roleta e ganhar um brinde. Mas o que parecia uma simples brincadeira revelou uma mensagem impactante: a desconstrução dos argumentos da indústria. O brinde veio acompanhado de cards com a verdade por trás do discurso falacioso dos fabricantes. “O objetivo é gerar impacto de forma criativa, usando a mesma linguagem que atrai o público jovem, mas com o propósito de informar e provocar reflexão”, destaca Maltoni. Além da ação nas ruas, a campanha também foi veiculada nas redes sociais com conteúdos utilizados pelas instituições parceiras e nos terminais de ônibus e BRT do Rio de Janeiro e painel de LED da Ecoponte. A mobilização, que também contou com uma carta-manifesto conclamando os poderes legislativo e executivo a seguirem na proibição e no combate aos cigarros eletrônicos no país, teve a adesão de 56 organizações, entre entidades médicas e científicas e organizações da sociedade civil, que assinaram o documento. “Desmascarar o vape é um dever coletivo. Precisamos unir esforços para proteger uma geração que está sendo enganada por embalagens bonitas e discursos perigosos. Essa campanha é um convite para olhar além da estética e enxergar os riscos que estão sendo maquiados em nome do lucro”, reforça Milena Maciel de Carvalho, consultora da área de tabagismo da Fundação do Câncer. Estudos recentes comprovam que o consumo de cigarros eletrônicos tem crescido entre adolescentes brasileiros. Para as instituições envolvidas na campanha, é urgente oferecer informação acessível, baseada em evidências e capaz de fazer frente às narrativas criadas pela indústria tabageira.