Os avanços tecnológicos que vêm sendo incorporados no diagnóstico do câncer foram tema de debates na programação da FISweek 25, um dos maiores eventos de inovação e tendências em saúde da América Latina, que aconteceu de 5 a 7 de novembro, no ExpoRio (RJ). O diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, conduziu o painel ‘Novos Avanços e Tecnologias na Detecção do Câncer’, que reuniu também Felipe Jordan (HCFMUSP) e João Bosco (NeoGenomica) para discutir como a inovação pode transformar o controle da doença no Brasil.
“Participar deste debate é fundamental para conectar Ciência, Gestão e políticas públicas em torno de um objetivo comum: ampliar o acesso a tecnologias que salvam vidas. A FISweek é um espaço de diálogo que reforça o papel da inovação como aliada estratégica no controle do câncer”, destaca o diretor executivo.
Ao abrir o debate, Maltoni destacou a urgência de se ampliar o acesso a diagnósticos mais precoces no país. Segundo ele, o Brasil registra cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano, e ainda enfrenta o desafio de que mais da metade dos diagnósticos ocorrem em estágios avançados. “Quanto mais precoce fazemos o diagnóstico, melhores são os resultados e maiores os índices de cura, com menor custo para o sistema. Este painel busca lançar luz sobre o impacto da genômica e de novas tecnologias no rastreamento e na detecção precoce, para que possamos mudar a curva de mortalidade e reduzir o diagnóstico tardio no país”, afirmou.
A importância da tecnologia também foi enfatizada por Felipe Jordan, médico sanitarista e gestor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que ressaltou a necessidade de integrar inovação e saúde pública. “Precisamos de uma força-tarefa para promover um rastreamento mais democrático e capilarizado. Já existem estudos promissores envolvendo inteligência artificial, como colonoscopias assistidas por IA, e a incorporação de testes como o HPV-DNA no SUS, que podem qualificar o rastreio e ampliar o acesso da população a diagnósticos mais precisos”, observou.
Na mesma linha, João Bosco, CEO da NeoGenomica, apontou que a genética e a genômica têm papel crescente tanto na prevenção quanto na detecção precoce do câncer. Ele lembrou que o avanço das terapias tem aumentado a sobrevida dos pacientes, mas que a sustentabilidade do sistema de saúde depende da prevenção. “Precisamos identificar melhor quem tem maior risco de desenvolver a doença, para aplicar recursos de forma mais inteligente. Ferramentas como a genômica e a proteômica permitem uma estratificação mais precisa de risco e, assim, políticas de prevenção e diagnóstico mais eficazes”, explicou.
O diretor executivo da Fundação do Câncer reforçou ainda que 30% a 40% dos casos de câncer podem ser evitados de forma simples, com hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, eliminar o consumo excessivo de álcool e, principalmente, não fumar.
Maltoni acrescentou ainda que a Fundação do Câncer tem buscado, de forma contínua, incorporar a inovação em suas iniciativas voltadas ao fortalecimento da rede oncológica nacional: “Nosso trabalho é transformar conhecimento científico em soluções práticas que impactem a vida das pessoas, seja por meio de dados, planejamento ou suporte técnico aos gestores. O futuro do controle do câncer passa, necessariamente, pela tecnologia e pela integração de esforços públicos e privados.”
Além do painel, o consultor médico da Fundação do Câncer, Alfredo Scaff, também participou do 10º Fórum Big Data em Oncologia, no painel ‘Morbimortalidade e o Câncer’, realizado no primeiro dia do evento.
Stand prevê o futuro
A Fundação do Câncer também esteve presente em todos os dias do evento com um estande exclusivo, que apresentou o conceito ‘Um Futuro Feito de Vida’. O espaço projetou um amanhã em que a Ciência, a prevenção e a conscientização transformam vidas, simbolizando a visão da Fundação de que cada conquista do presente pavimenta um futuro com menos câncer e mais vida.
